Software – contributos para a Hipótese Axiológica

Já restam poucas dúvidas sobre a importância do software na definição e construção prática de uma sociedade algorítmica que determina a discussão e debate sobre a ética e a reafirmação de uma axiologia de valores, que não pode deixar de centrar-se em coletivos humanos e nas linguagens que emergem como resultado, ou mesmo como sub-produto de um certo modo de ser e estar numa sociedade com volumes de dados, variabilidade de informação e uma rapidez de mutação até então, jamais experimentados .

O recente caso da Volkswagen nem sequer será o único em que os valores ambientais neste caso, apelavam a uma regulação algorítmica embutida nas metodologias e processos da organização. O caso do avião cujo piloto enviou o aparelho contra as montanhas alpinas e atentou de forma ostensiva contra o direito à vida de milhares de seres humanos, é uma instância limite de necessidade de inclusão da ética profissional “ethics enforced”, nos processos e procedimentos de controlo de aparelhos, neste caso o avião em situações extremas. O ser humano, em determinadas condições revela uma ausência completa de valores e, nesses casos, deve ser substituído por software de regulação que impede a ação de um para proteger os outros.

O software é um ramo do conhecimento que começou por se estabelecer através de formas de linguagem funcionalizadas para o diálogo com as máquinas. Nos primeiros anos através do diálogo com uma máquina autónoma – o computador, e em seguida com todos os tipos de máquinas físicas e não físicas (processos operacionais e organizacionais vistos de um ponto de vista maquínico) que pululam o(s) mundos humanos e cumprem o seu desígnio criativo. Neste ponto, o valor da criatividade através do software emerge como representação e expressão de conhecimento, um valor essencial, o conhecimento mais profundo, para a reorganização e um novo sentido para a vida (sense making) dos seres humanos através do fator trabalho.

Fonte: Francisco Lavrador Pires

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