Um quarto dos profissionais considera que chefias não possuem competências para liderar no mundo remoto

Formação é a palavra-chave: quase 40% dos profissionais gostavam de melhorar as suas competências digitais. E não falamos apenas de hard skills, mas também (e sobretudo) de soft skills.

O mundo digital requer novas competências por parte dos líderes, como skills de comunicação, organização e liderança num contexto de trabalho à distância como constataram as organizações com o eclodir da pandemia. Depois de dois anos, um quarto dos profissionais portugueses considera mesmo que as chefias não possuem as competências necessárias para liderar no mundo remoto. Formação é a palavra-chave, e 39% dos profissionais gostavam de melhorar as suas competências digitais, revela um recente estudo desenvolvido pela GoodHabitz, a que a Pessoas teve acesso.

“Creio que é natural que os colaboradores ainda não confiem totalmente nas suas chefias. Contudo, parece-me também possível que esta visão mude, através de formação adequada e relevante e consequente aquisição de competências vertidas em comportamentos mais em sintonia com este contexto”, diz Cláudia Cerqueira, customer success manager e coach da GoodHabitz em Portugal.

Mais do que formar as lideranças atuais, as empresas devem, contudo, “olhar e valorizar os novos contornos que o talento está a assumir na dinâmica, evolução e estabilidade das organizações”. “O estudo que fizemos mostra claramente que os colaboradores estão abertos, e até sedentos, por formação e que as empresas não devem ignorar este requisito, uma vez que apostar nos colaboradores de hoje é apostar no futuro”, diz a gestora.

Quase 40% dos colaboradores afirmam que gostavam de melhorar as suas competências digitais para terem capacidade de corresponder às necessidades do trabalho híbrido; 36% gostaria de melhorar as competências de comunicação e idiomas e 33% dos colaboradores em Portugal querem desenvolver as suas competências de liderança.

Um quarto dos profissionais considera que chefias não possuem competências para liderar no mundo remoto

“Isto demonstra uma clara oportunidade para as empresas e organizações que, se a souberem interpretar e aproveitar, vão estar a apostar num possível crescimento sólido de futuro e numa estabilidade que lhes vai permitir evitar um boom de demissões em funções críticas, já que formaram previamente à luz das suas necessidades, missões e visões as pessoas que os ocupam”, defende Cláudia Cerqueira.

“Nunca foi tão crítico o desenvolvimento de soft skills nas lideranças”

Ao nível das competências exigidas num mundo em que opera o trabalho remoto e híbrido, a customer success manager e coach da GoodHabitz em Portugal acredita que, em primeiro lugar, é fundamental capacitar as equipas de liderança com skills digitais. “É essencial para garantir o sucesso. Aqui não falamos apenas de hard skills, mas também de soft skills, como por exemplo liderança remota e colaboração online”, salienta.

“As competências que os líderes deviam possuir há três anos são completamente diferentes das que são necessárias hoje e no futuro. Acrescentaria mesmo que nunca foi tão crítico o desenvolvimento de soft skils e outras nas lideranças”, continua Cláudia Cerqueira.

Imediatamente a seguir, os líderes devem saber comunicar com transparência para unir as suas equipas. Formações como “Gestão de Emoções” e “Feedback Construtivo” serão, desde modo, cruciais.

Um quarto dos profissionais considera que chefias não possuem competências para liderar no mundo remoto

Um outro estudo divulgado no final do ano passado, da autoria de Sara Midões, especialista em liderança positiva e bem-estar no trabalho e fundadora da Community, dava conta que a maioria dos gestores portugueses (66%) acredita precisamente que a reinvenção de novas formas de comunicar em equipa vai ser o principal desafio das lideranças no pós-pandemia.

A par destas, é importante mencionar as competências de team building“É necessário que os líderes, mais do que saber gerir, saibam motivar e criar verdadeiras equipas. Aqui cursos sobre como envolver e motivar equipas poderão ajudar”, sugere.

Embora menos óbvias, a profissional salienta ainda a importância da liderança inspiracional e da empatia, competências que considera terem adquirido maior relevância com o contexto pandémico. “É necessário ensinar aos líderes do futuro como inspirar os colaboradores, liderar com propósito e não ter medo de ensinar e apostar no talento das suas equipas”, justifica.

Relativamente à empatia, as equipas deixaram de se identificar com líderes pouco empáticos. Hoje em dia, as empresas devem capacitar as futuras chefias com humanidade e empatia para que, desta forma, sejam capazes de chegar mais perto das suas equipas de inspirá-las, motivá-las, conduzindo as companhias ao sucesso.

Para estas duas últimas competências, cursos como os de “Coaching”, “Desenvolvimento de Talento” e “Prevenção de Burnout” podem ser uma boa forma de capacitar os líderes com skills que permitam uma gestão mais humanizada e orientada para as exigências dos atuais e futuros contextos, aconselha a coach.

“O cenário de pandemia, bem como a revolução tecnológica estão a provocar mudanças estruturais e funcionais, que vão criando uma desarticulação entre o talento existente nas empresas e aquele que realmente é necessário. Como tal, o mercado português precisa de responder a estes desafios e às novas necessidades dos colaboradores com abordagens menos tradicionais”, acredita Pedro Monteiro, diretor comercial e porta-voz da GoodHabitz em Portugal.

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