Neste artigo, procuro explorar de que forma o learning analytics pode ser utilizado para manter os formandos envolvidos e empenhados na finalização do seu percurso de aprendizagem.
Por Patrícia Santos, Group Chief Corporate Offer & Solutions do Grupo Cegos, representado em Portugal pela CEGOC.
Atualmente, a formação ao nível empresarial acontece maioritariamente em formato online, seja através de programas personalizados, ou de classes virtuais. A grande vantagem deste modelo de aprendizagem, para além da conveniência, é a possibilidade de permitir acesso a uma panóplia de dados.
As mais valias são mais que muitas. Antes de mais, permite uma abordagem mais individualizada da aprendizagem, o que promove, não só o envolvimento dos formandos, como facilita o acompanhamento do seu progresso.
Neste artigo, procuro explorar de que forma o learning analytics pode ser utilizado para manter os formandos envolvidos e empenhados na finalização do seu percurso de aprendizagem.
Graças às atuais plataformas de gestão da formação (LMS), conseguimos medir, num percurso de aprendizagem, a quantidade e a qualidade do envolvimento de cada um dos indivíduos. Mais especificamente, podemos constatar o quão são ativos e empenhados na conclusão de atividades e trabalhos, a sua participação em fóruns ou até mesmo se são ávidos na colocação de questões ao formador.
O feedback é fundamental durante um percurso de aprendizagem. Podemos também analisar os dados e resultados dos questionários e autoavaliações para identificar os temas em que precisam de mais apoio, e assim tomar as medidas necessárias.
Ao tirarmos partido das funcionalidades dos LMS (Learning Management System), podemos garantir que os formandos vão recebendo feedback regular, e automatizado, à medida que vão progredindo. A partilha destes dados de avaliação vai motivá-los, se estiverem no bom caminho, ou incentivá-los a esforçarem-se mais, caso não estejam!
O sistema pode também enviar mensagens personalizadas, de forma automática, caso esteja a atrasar-se na sua progressão, alertar se uma tarefa estiver por concluir, ou até mesmo enviar um ‘Bom Trabalho’ por estar no caminho certo.
Com os recentes LMS, podemos aplicar estratégias de gamificação, cujo objetivo é acrescentar um elemento de competição e motivação. A construção do dispositivo deve premiar os comportamentos que conduzem ao sucesso na formação, e motivar os formandos, ao dar visibilidade à classificação das várias equipas.
Em alguns casos, o percurso de aprendizagem pode ser adaptado, dependendo do desempenho em cada módulo. Por exemplo, se está a ter formação sobre gestão de tempo e parece já ter apreendido os conceitos principais, alguns dos conteúdos podem ser retirados ou colocados como opcionais. Em alternativa, podem ser direcionados para módulos de aprendizagem mais “complexos”, para os desafiar ainda mais.
É um facto que esta nem sempre é a abordagem mais popular, uma vez que alguns formandos poderão sentir que estão a perder alguns conteúdos que acabam por estar à disposição de outros. Contudo, regra geral, sentem-se mais envolvidos, ao serem regularmente desafiados e não perderem tempo com conteúdos com os quais já estão familiarizados.
Ter acesso a learning analytics é também uma ferramenta importante para os formadores. Estes são, parcialmente, responsáveis por assegurar que o formando se mantém totalmente envolvido, pelo que o learning analytics ajuda a identificar mais facilmente quem necessita de um incentivo extra ou está em risco de desistir.
Também se disponibilizam plataformas que proporcionam uma Learning eXperience integrada, que permite aos formandos acederem, num único local, a módulos de formação, tarefas e pontuações para acompanharem o seu progresso.
O formador também tem acesso a esta informação, bem como a dados sobre o seu envolvimento. Estes são apresentados por cores e de forma codificada, possibilitando a rápida identificação de quem não está totalmente envolvido, e assim intervir com o objetivo de o incentivar. De ressalvar que, muitas vezes, a falta de envolvimento pode derivar de restrições de tempo ou da dificuldade em compreender o conteúdo de aprendizagem. Neste caso, o formador pode oferecer o apoio necessário e fazer com que volte a estar no bom caminho. Outra vantagem destas ferramentas é que facilitam a aprendizagem em maior escala, em tempo real, retirando ao formador a necessidade de avaliar os dados de resposta ao nível individual, e permitindo concentrar a sua atenção em quem precisa de ajuda extra.
Os gestores de L&D (Learning & Development) também beneficiam, ao terem acesso a estes dados de envolvimento, pois torna-se muito mais fácil intervirem se virem que um colega está a ter dificuldades com o conteúdo, sendo a solução, quem sabe, conectá-lo a outro participante. Podem também utilizar os dados para acompanhar o progresso e medir o sucesso versus KPIs estabelecidos.
Mas atenção, ter “só” acesso a dados não basta.
Como em qualquer área, é necessário ter uma estratégia alinhada com os objetivos que se pretendem atingir, para obter uma win-win situation, quer para empresa, quer para o colaborador!