Ao longo dos últimos 20 anos, foram esgrimidos em praça pública argumentos em defesa da limitação do acesso aos cursos de Medicina em Portugal. As justificações prendiam-se com várias ordens de razão: o custo elevado da formação, a incapacidade de garantir ensino pré e pós-graduado de qualidade (sendo este provavelmente o mais relevante), a comparação do número de médicos com outros países, o risco de um excesso de profissionais a médio prazo, preocupações do foro salarial, entre outras. Mesmo admitindo que esta limitação se justificava, o discurso era incompreensível para a opinião pública uma vez que, simultaneamente, se constatavam sucessivas, gritantes e constrangedoras dificuldades de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS).