Opinião: Formação corporativa – chegar a todos com formatos adaptados e evolutivos
Com os avanços da inteligência artificial, realidade aumentada, realidade virtual e machine learning, a formação 100% presencial foi perdendo algum espaço e o online, que antes já era uma realidade, começa a dominar. Cláudia Cerqueira explica o impacto na formação corporativa.
Por Cláudia Cerqueira (*)
A formação é palavra-chave nas empresas que pretendem apostar no desenvolvimento pessoal e profissional dos seus colaboradores. Inclusive, segundo dados da GoodHabitz de 2022, 91% dos colaboradores portugueses consideram que esta contribui para o seu bem-estar no local de trabalho. Neste sentido, tal como o mercado tem evoluído ao longo dos anos com o avançar da tecnologia, também a formação corporativa se tem reinventado para dar resposta às novas necessidades e exigências dos atuais colaboradores independentemente da sua faixa etária e nível de escolaridade.
Com os avanços da inteligência artificial, realidade aumentada, realidade virtual e machine learning, a formação 100% presencial foi perdendo algum espaço e o online, que antes já era uma realidade, começa a dominar e a transformar esta indústria a um ritmo acelerado. Porém, as questões colocam-se: qual o futuro da formação corporativa? Vamos perder o elemento presencial? Vamos passar a aprender apenas através de um dispositivo tecnológico?
No formato e-learning, as tecnologias emergentes não só levam a formação diretamente ao colaborador a qualquer hora e em qualquer lugar, como têm o potencial de acrescentar contexto, relevância e personalização à experiência de aprendizagem. Neste sentido, são várias as tecnologias que têm vindo a ser utilizadas para otimizar a formação online, nomeadamente, a personalização da aprendizagem de acordo com os objetivos das empresas e colaboradores, a gamificação e até a incorporação da Inteligência Artificial em plataformas online (na GoodHabitz por exemplo estamos a trabalhar para criar um “professor robot” controlado por IA que ajuda os alunos ao longo dos cursos). Se alavancarmos estas ferramentas da forma correta, podemos de facto ajudar a melhorar o desempenho não só individual, mas também das equipas, e aumentar a taxa de engagement nos planos de formação.
Neste sentido, se existem empresas dispostas a abandonar todos os avanços feitos nesta área, resistindo e voltando totalmente à formação do passado, disponível apenas presencialmente, digo-lhes que é impossível voltar atrás. Os números falam por si – dados retirados do estudo “O atual estado da Gestão de Talento”, desenvolvido pela GoodHabitz, 45% dos profissionais em Portugal prefere desenvolver competências através de formação online ou soluções de e-learning. Apenas 21% dos colaboradores preferem a aprendizagem em sala de aula e 35% consideram que o blended learning, a combinação entre formação online e offline, é o método de desenvolvimento que funciona melhor.
Prevemos que o investimento nestas tecnologias emergentes irá aumentar exponencialmente ao longo dos próximos anos, mas um dos ensinamentos que a pandemia nos deixou é que “nem tanto ao mar, nem tanto à terra” – ou seja, não podemos perder o contacto humano a 100%, vivemos para ele e precisamos dele como precisamos de oxigénio. O mercado assim o diz! Como tal, as empresas portuguesas devem abraçar a evolução dos tempos e encontrar uma estratégia e modelo de formação que junte o presencial com o online. O modelo de blended learning pode reunir o melhor dos dois mundos se for implementado de forma eficaz, dando espaço para que os colaboradores se desenvolvam também em equipa
Assim, acredito que o futuro da formação depende de uma mistura de conceitos, sendo fundamental continuar a dar espaço à tecnologia, sem esquecer de desenvolver e atualizar também a componente presencial.