A saúde é a grande preocupação de todos, razão mais do que suficiente para que a boa gestão do setor seja vista como crucial. Apostar em formação de excelência é determinante para mais e melhor saúde.
Se há uma necessidade prioritária comum a todos os seres humanos, seja qual for a cultura ou latitude geográfica, é a de mais e melhor saúde. Mas para que esse objetivo seja alcançado, é cada vez mais importante uma boa gestão dos recursos disponíveis, o que assume contornos progressivamente mais desafiantes. Isto porque o desenvolvimento tecnológico é crescente e a inovação terapêutica uma realidade diária, o que se por um lado permite a concretização do objetivo coletivo de dar resposta aos problemas de saúde, também vem aumentar a pressão financeira. Some-se a isto o aumento da esperança média de vida, o envelhecimento da população e as inevitáveis questões associadas – por exemplo, o aumento do número de pessoas com cancro ou outras doenças crónicas –, e facilmente se percebe que a tarefa de gerir serviços ou unidades de saúde é de extrema complexidade. Até porque os recursos são finitos.
Saúde: preocupação nacional
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para corresponder às expectativas das populações é essencial garantir a cobertura universal no que diz respeitos aos cuidados de saúde, apostando na promoção, proteção e recuperação da saúde. As despesas associadas ao cumprimento deste desígnio são elevadas, e, em Portugal, correspondem a cerca de 9% do PIB. Aliás, se analisarmos os valores gastos pelo Estado português em percentagem do PIB em diversas áreas, verificamos que os 4,4% despendidos na saúde em 2018 só foram ultrapassados pelos 6,6% destinados a ação e segurança sociais, o que revela a importância da saúde enquanto questão interna fundamental e uma preocupação nacional.
Séculos de gestão de saúde
A relevância da gestão de saúde é enorme e dela depende a boa utilização dos recursos disponíveis, a correta avaliação nas tomadas de decisão e o manejo adequado de todas as ferramentas hoje disponíveis para a concretização das tarefas que lhe são inerentes. Mas esta não é uma área que apenas se tenha desenvolvido recentemente, bem pelo contrário. Por exemplo, no nosso país, a alusão à função de administrador hospitalar aparece pela primeira vez em 1504 no “Regimento” do Hospital Real de Todos-os-Santos, sendo aquele profissional na altura designado como provedor. Este “Regimento” era o documento que regulava todo o funcionamento do importante hospital localizado na Baixa lisboeta, fixava o corpo de funcionários e a sua orgânica interna, tendo sido assinado por D. Manuel I.
Entre finais do século XVIII e inícios do século XIX, coube sobretudo às Misericórdias a assistência hospitalar, verificando-se um aprimoramento contínuo daquilo que terá sido a génese da gestão hospitalar em Portugal. Mais tarde, já no século XX, foram publicados diversos diplomas legais que deram origem a importantes reformas na saúde, de que resultou necessariamente uma reorganização do setor e a consequente relevância da administração hospitalar. É disso exemplo a Reforma da Organização Superior dos Serviços de Saúde, Higiene e Beneficência Pública, denominada Reforma Ricardo Jorge, regulamentada em 1901, ou, mais tarde, a criação do Serviço Nacional de Saúde, em 1979.
Importância da formação
Ao longo dos anos, tem vindo a afirmar-se a crescente necessidade de aprofundar os conhecimentos na área da gestão em saúde, desde logo porque esta constitui uma peça fundamental no controlo orçamental, na qualidade da prestação dos cuidados de saúde, nas estratégias utilizadas para a gestão e motivação de equipas, bem como nas decisões operacionais de funcionamento. Constituindo a saúde uma área muito específica e complexa por envolver pessoas em estado de maior vulnerabilidade, a gestão praticada neste setor deve ter em conta dimensões concretas e que não são coincidentes com a gestão doutras áreas. Daí a necessidade de formação adequada, desenhada a pensar em todas questões com que se depara diariamente um gestor da saúde. Esta é precisamente uma das principais mais-valias da pós-graduação em Gestão para Profissionais da Saúde, do INDEG-ISCTE.
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Fonte: https://observador.pt/2019/12/26/melhorar-a-gestao-em-saude-a-formacao-e-o-caminho/