Quando tudo parecia estar a enveredar por um novo rumo, com a vacinação a trazer uma luz de esperança, eis que o Sars-CoV-2 nos surpreende, demonstrando a sua resistência e adaptabilidade ao meio, provando que é forte, através de uma nova variante: a Estirpe VUI-202012/01, identificada no Reino Unido.
O vírus sofre mutações desde que surgiu; isto é, alterações genéticas, que ocasionam variantes, como a atual. Este processo provém de um mecanismo natural inerente a todos os vírus, pois à medida que circulam e sobrevivem no meio, vão criando mecanismos de defesa e adaptabilidade que os podem tornar mais resistentes.
No SARS-CoV-2 surgem, em média, duas mutações por mês. No caso desta variante, esta adaptação teve sucesso, aumentando a sua taxa de contágio para 40 a 70% por cento.
- A maior transmissibilidade está relacionada com mutações que ocorreram na proteína spike (S) que o coronavírus utiliza para infetar as células humanas. A spike localiza-se no exterior do vírus e, ao ligar-se aos recetores das células humanas, penetra e gera infeção. Esta mutação facilita a adesão e penetração nas células, tornando-a mais eficaz na sua propagação.
- Apesar de ser mais transmissível, esta nova variante não apresenta quadros clínicos de maior gravidade nem taxas de mortalidade mais elevadas, não havendo, por isso, motivos para alarmismos. Mas deve ser efetuado um maior reforço das medidas de proteção já amplamente divulgadas: distanciamento social, uso de máscara e higiene das mãos.
Se a disseminação do vírus é maior, os cuidados devem ser redobrados. Nada aponta para que a vacinação perca eficácia para esta variante do SARS-CoV-2.
Fonte: Um artigo da médica virologista Laura Brum