O grau académico ainda tem importância nos requisitos para contratação? As novas tendências demonstram que não será bem assim.
As dificuldades em contratar tornaram-se cada vez mais comuns, sentindo-se num número de setores progressivamente superior. Para contornarem este obstáculo, algumas empresas mostram-se mais flexíveis quanto aos requisitos para contratação. Não se trata apenas de uma abertura para soluções de trabalho à distância. Além disso, está também a ser equacionada a disponibilidade para receber pessoas com menos competências académicas.
É mesmo necessária uma licenciatura?
Empresas como a Google, a Delta Air Lines ou a IBM, por exemplo, já reduziram os seus requisitos para contratação em algumas posições, incluindo a exigência de licenciatura. Contudo, a cedência neste critério de seleção tem como contraponto a preferência por determinadas competências e experiência. Como relata um artigo do Wall Street Journal, as contratações começaram a aumentar, em alguns empregos públicos, nos EUA, a partir do momento em que as entidades implementaram novos critérios.
O mesmo artigo cita a vice-presidente executiva da cadeia Walmart Inc., o maior empregador privado dos EUA, declarando que o objetivo da empresa consiste em remover “o foco do modo como alguém adquiriu as suas competências, passando do privilégio do grau de formação para a valorização das competências em si”.
Esta tendência nos requisitos para contratação também começa, sem dúvida, a ganhar terreno na Europa. Aliás, Portugal é exemplo disso. O Ministério da Educação enfrentou a necessidade de alterar as regras que definem os requisitos para dar aulas, na sequência da falta crónica de professores. Assim, em setembro de 2022, publicou-se um diploma que prevê a possibilidade de as escolas, em caso de necessidade, poderem recorrer aos licenciados com créditos na área na qual pretendem dar aulas, dispensando a formação em ensino.
Ademais, o mesmo ocorreu na contratação de polícias. Em maio de 2022, o Governo anunciou novos requisitos, para “criar uma maior motivação e atratividade das forças e dos serviços de segurança”. Neste caso, optou-se por aumentar a idade máxima para 30 anos e descer a mínima para 18. Além disso, passou a aceitar-se candidaturas de quem ainda frequenta o 12.º ano de escolaridade.
Que competências são mais valorizadas nos requisitos para contratação?
Neste contexto, as competências conquistam, sem dúvida, cada vez mais relevância nos requisitos para contratação. Num estudo sobre o tema, investigadores afirmam que “possuir um grau académico funciona cada vez menos como fator diferenciador no acesso ao emprego”, sendo que “vários estudos apontam para a evidência de que os empregadores estão crescentemente interessados noutro tipo de competências pessoais e sociais. As antigas credenciais, por si, pouco contam diante da personalidade e das soft skills dos graduados”.
Nesse artigo, elencam-se as competências mais procuradas pelos empregadores, a saber:
- responsabilidade;
- disponibilidade para aprender, para a mudança e a adaptação aos contextos de trabalho;
- compreensão dos métodos e das regras do trabalho;
- capacidade de trabalhar em equipa;
- sentido de compromisso;
- bom senso.
As transformações tornaram-se visíveis, resta agora perceber se estamos perante mudanças estruturais nos requisitos para contratação ou apenas respostas temporárias, para resolver problemas conjunturais. Independentemente do caso, a experiência demonstrará, certamente, se possuir um diploma faz assim tanta diferença, na garantia de um bom desempenho profissional.
Fonte: https://eco.sapo.pt/2023/02/15/diploma-competencias-requisitos-para-contratacao/