É mais que tradicional, sempre que se chega ao fim e início de um novo ano, fazer-se um balanço do ano a findar e pensar-se quais os principais desafios que o novo ano possa trazer, a nível pessoal e profissional.
Trata-se de um exercício salutar, de alguma forma descompressivo, de aprendizagem com as vitórias e com os erros cometidos, de um quase erase and rewind, no sentido de se criarem forças, motivação, objetivos e desafios, para o período que se segue.
No rescaldo, ou ainda sofrendo consequências das recentes crises, da pandemia, dos movimentos de “desglobalização” e da crise inflacionista, mas também da marcada evolução tecnológica, 2023 e os restantes anos da década, apresentam grandes desafios às áreas do marketing e da gestão:
1. Novas exigências e perfis profissionais – tech savvy requirements
Perante a exponencial evolução das tecnologias de informação e comunicação, novas competências são indispensáveis para o sucesso das organizações, requerendo novos métodos e novos perfis de formação técnica e superior, em particular nos domínios da tecnologia e da gestão.
2. Permanente dilema curto/médio/longo, prazos
Em períodos de crise, muitas empresas tendem a concentrar-se na resolução dos seus problemas imediatos, normalmente, nas vendas, na gestão de tesouraria, na sobrevivência.
O marketing, assumindo uma perspetiva de mais longo prazo, tenta que aspetos relacionados com experiência, serviço e fidelização dos clientes, constituam os fatores determinantes da gestão, o que não é normalmente compatível com estratégias de curto prazo.
3. Mindset empresarial aberto
Perspetiva de gestão aberta, com abertura para o diálogo interno e para formas de trabalho colaborativo, que possa maximizar as potencialidades dos colaboradores, empoderados no desenvolvimento das suas atividades, no sentido da criação de valor para os clientes, para a empresa e para a sociedade.
4. Transformação digital e Agilização. Indústria 5.0. Comunicações 6G
Continuar a transformação digital das organizações, na perspetiva da centralidade no cliente e nos seus colaboradores. Conceção da empresa baseada na procura e não na oferta. Necessidade de reformulação das cadeias produtivas e de valor, potenciada pela emergente “Revolução Industrial 4.0” e futura 5.0, assim como da 6ª geração móvel. Intensificação da utilização do machine e do deep learning.
Agilização total, com o objetivo central de reduzir as fricções da empresa na sua relação com o cliente e aumentar o seu valor acrescentado.
5. Visão do cliente na perspectiva “onlife”
Conhecimento e visão do cliente na sua globalidade onlife (online+offline). Disponibilização da oferta integrada e coerente em qualquer meio de contacto ou distribuição. Interação permissiva e transparente com o cliente, respeitando a sua segurança e privacidade, na construção de uma relação de confiança.
6. Criação de experiências diferenciadoras e imersivas
Não “vender compulsivamente”, mas sim criar as condições experienciais e emocionais, imersivas e memoráveis, e de comunicação interativa, que levem os potenciais clientes a querer comprar e a reter momentos positivos, tentando surpreendê-los pela disponibilidade, atenção e serviço, que ultrapasse as suas diversas expectativas.
7. One-to-Moment
Perante o nível de formação e as atuais exigências dos consumidores, decorre a necessidade de criação das condições para disponibilizar o produto ou o serviço, no momento em que o cliente o deseje, numa relação humanizada e cada vez mais personalizada. O cliente não deve ser um número ou um alvo, mas sim alguém que, quando o queira, tenha acesso a uma oferta personalizada e para si relevante.
8. Planeamento ágil e flexível
Planeamento ágil, versátil e adaptável às constantes mudanças e alterações de mercado. Integração das tecnologias de forma a rentabilizar as cadeias de valor e propiciar o melhor serviço ao cliente.
9. Marketing Sustentável e com Propósito
Contribuição do marketing para a sustentabilidade ambiental e social, que privilegie a utilização responsável dos produtos, e a ligação ao propósito e aos valores da marca, versus lucro imediato de curto prazo.
10. Humanização das novas tecnologias de Inteligência Artificial. Web 3.0 e Metaverso
A Inteligência Artificial tem vindo a aportar novas funcionalidades disruptivas, que as empresas têm de interiorizar, reformulando as suas cadeias de valor, procurando novas soluções de contacto humanizadas, em particular com a utilização da Realidade Virtual e Estendida, iniciando experiências de relação no Metaverso.
A evolução da web, até à 3ª geração, passa pela contínua descentralização dos dados e crescente utilização do Blockchain.
11. Marketing disruptivo
A recolha e tratamento automático da Big Data, a IA, os algoritmos interpretativos e previsionais – análise convergente do marketing automation – substituem a análise humana com maior rapidez de processamento, criando condições únicas para libertar os profissionais de marketing para as tarefas de maior criatividade e inovação – pensamento divergente – maximizada pela sua capacidade de empatia e de juízos éticos.
12. Computação Quântica
A Computação Quântica vai revolucionar muitas áreas da atividade das empresas, da investigação científica e da sociedade, pela capacidade de elevadíssima rapidez e processamento simultâneo com uma multiplicidade de variáveis, com aplicações possíveis, de entre outras, a nível da cibersegurança e deteção de fraude, medicina, bioengenharia, planeamento de rotas e do trânsito, análise de dados e modelos preditivos de elevada complexidade. A computação quântica constituirá um fator determinante para a crescente personalização e humanização das estratégias de marketing.
Fonte: https://www.imagensdemarca.pt/artigo/12-desafios-para-o-marketing-e-para-a-gestao-nesta-decada/