Não obstante se ter querido impor um dito “novo acordo ortográfico”, as várias línguas dos países lusófonos, expressam idiossincrasias, expressões, significados, diferentes, em cada país.
Em meu entender – embora não seja um linguista – este dito “desacordo” nada trouxe de bom à língua portuguesa, a não ser a confusão e não resolução de nada. Afinal, o português continua a assumir a sua vitalidade e culturas diferentes, consoante as regiões e os países em que se fala.
Embora não totalmente ligada a esta questão, mas tendo em atenção as diversas idiossincrasias introduzidas pelas diversas culturas referiria, a propósito, os termos “marketing/publicidade” e “propaganda”, no uso comum em Portugal e no Brasil.
Sob pena de estar a dizer o que todos saberão, “Propaganda” é a difusão unilateral de uma ideia, de uma ideologia, normalmente sem fins lucrativos, tendo a sua expressão na política, no campo eleitoral e institucional; “Publicidade” é a comunicação/difusão de um produto, serviço ou marca, normalmente com fins lucrativos, como resposta a uma necessidade do consumidor.
Os governos e os partidos usam a “Propaganda” para tentar atingir os seus objetivos próprios políticos, prometendo muitas vezes o que nunca poderão ou irão executar.
Contudo, em Portugal e no Brasil estes termos assumem significados diferentes. Propaganda no Brasil é o equivalente a publicidade em Portugal. A confusão é que quando, inusitadamente, por desconhecimento, ou propositadamente, no sentido de denegrir o sentido da “publicidade”, em Portugal se utiliza o termo Propaganda para denegrir o sentido do Marketing, que também é confundido com publicidade.
Isto não se trata de uma questão de linguística, caso contrário não seria a pessoa mais indicada para tratar este assunto, mas de uma questão assertiva de alguns, no sentido que referi.
Na terrível situação em que vivemos atualmente, em particular os cidadãos ucranianos, a propaganda do governo russo assume tudo o que de mau é possível, negando a verdade aos seus cidadãos, não reconhecendo a sua atitude invasora destruidora de seres humanos, usando propaganda mentirosa para tentar suster a opinião pública interna, que desconhece a verdade num país onde não existe liberdade de informação e onde qualquer oposição é imediatamente aniquilada.
É vulgar ouvir várias pessoas, inclusivamente políticos, referirem-se a promessas supostamente falsas de outros – em particular nas campanhas eleitorais – como se tratasse “de marketing”, quando o que deveriam dizer seria “propaganda”.
Não há muito tempo ouvi um reputado e competente político, que até estimo, referir-se ao seu adversário como este devesse ser um ótimo director de marketing, querendo na essência referir-se a ele como “propagandista”, provavelmente floreando o que, no se entender, não seria verdade ou promessas falsas.
Sempre me bati pelo enaltecimento do marketing enquanto área central da gestão empresarial e das organizações, numa base séria e construtiva, no sentido de conciliar os interesses dos consumidores/pessoas e das empresas, pelo que sempre me choca ouvir, mais do que seria aceitável, referências negativas ao marketing como se de “propaganda” se tratasse.